quinta-feira, 28 de maio de 2009

As leituras e seus suportes - modos de ser leitor de acordo com Lucia Santaella

Nesse momento trazemos aqui reflexões e resumos sobre algumas de nossas leituras. Célia, uma das integrantes do grupo resume e reflete sobre os modos de ser leitor inspirada na leitura que fizemos de Lúcia Santaella.

Enquanto analisávamos as entrevistas realizadas por nosso grupo de pesquisa, tínhamos em mãos o texto de Santaella (2008) que nos ajudou a entender as habilidades de leituras praticadas pelos entrevistados e também nos mostrou como transitamos pelas três modalidades que ela destaca.

Estar diante de livros, seja diante de uma pequena estante, numa biblioteca, ou ainda mais comum hoje em dia, numa livraria, e até mesmo em uma banca de jornal, onde podemos encontrar alguns livros, nos leva a algumas transformações sensoriais. Se estamos ali, diante dos livros, é porque desejamos continuar ali, e para permanecer ou entrar em contato com eles há necessidade de se adaptar à eles: devemos dar-lhes nosso tempo, por alguns minutos, que seja, adquirindo uma postura contemplativa diante do livro. Nesse momento, como ressalta Santaella, os sentidos reinam soberanos, principalmente a visão. É o livro é que nos conduz, estamos em suas mãos, mas também, por outro lado, depois que o possuímos pela leitura ele passa a ser nosso e posso revisitá-lo quantas vezes desejar. O mesmo ocorre quando estamos diante de pinturas, gravuras, obras de arte em geral em que a contemplação se faz necessária. Santaella afirma que essas habilidades nascem no Renascimento e perduram, hegemonicamente, até meados do século XIX.

Ao mesmo tempo em que possuo essa habilidade que freia o tempo e me concede a capacidade de contemplar o que ali está exposto, dou um salto e sou capaz de fazer a leitura rápida de um jornal, de um noticiário de TV, das inúmeras imagens que se espalham pela cidade, sendo essas leituras ágeis como o próprio tempo que não permite ser parado. Vamos captando várias mensagens e dispensando, é claro, a grande maioria, não temos o tempo e o espaço para a contemplação como nos livros pois as próprias imagens não permitem que as exploremos com calma. Tudo é muito rápido e uma notícia de agora, daqui a meia hora, já poderá ser descartada. A imagem pela qual passamos na rua fica para trás rapidamente, talvez na volta possamos captar mais algum detalhe que nos revele a mensagem desejada. De acordo com Santaella, há uma isomorfia entre o modo que o leitor se move na grande cidade, o movimento do trem, e do carro e o movimento das câmeras de cinema, que reproduzem esse movimento ágil e frenético das imagens. Tudo isso fruto da industrialização, que se refletiu cinema, no jornal, ou seja, na reprodutibilidade técnica de que também fala Benjamin.

Santaella traz, por fim, a mais atual modalidade de leitor, o virtual, um leitor que não lida mais com a concretude e permanência dos livros, dos jornais, e das imagens. Agora para ser esse leitor devo estar aberto e disponível para um mundo inesgotável de informações, adquirindo, a cada dia, mais habilidade em penetrar nessa rede, mas também muitas vezes me perdendo nela. Onde li isto? Onde vi aquela imagem? Links que se abrem, que por muitas vezes são irrecuperáveis, como se estivéssemos caminhando em uma mata densa em que em algum momento não soubéssemos que trilha tomar para recuperar o percurso feito numa leitura. Se já havíamos reavaliado nosso conceito de tempo, que era lento e tão contemplativo e se modificou com a industrialização, com a reprodução de imagens e a rapidez da imprensa, agora ele está totalmente mudado, e a qualquer hora e em qualquer espaço tomamos posse de uma informação tornando-nos autônomos na sua procura.

Somos, portanto, esses vários leitores que fazem suas leituras de acordo com o suporte oferecido. Somos tantos... O acúmulo de habilidades construídas na história da humanidade pela busca do conhecimento, e hoje mais do que nunca, pela informação.

Célia Ribeiro

Fontes:

SANTAELLA, Lucia. A leitura fora do livro. Disponível em:

http://www.pucsp.br/pos/cos/epe/mostra/santaell.htm; acesso em 3 de maio de 2008.

terça-feira, 26 de maio de 2009

COLE - Congresso de Leitura do Brasil 2009

Ainda estão abertas as inscrições para ouvintes participarem do COLE. Os que quiserem saber informações entrem no site da Associação de Leitura do Brasil.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

E por falar em Literatura e cultura...Dicas de leitura...

Aproveitamos uma brecha nos estudos para trazer a todos algumas dicas de sites de literatura infanto-juvenil descobertos recentemente pelo grupo. Além disso também trazemos outros sites que falam de cultura, infância e temas que se relacionam com a formação do leitor. São estes também aspectos da formação dos que serão professores. Aí vão alguns deles...
http://www.imaginaria.com.ar/ - Revista quinzenal de literatura infantil e juvenil
http://gatodesofa.blogspot.com/ - Blog com apresentação e discussão sobre livros de literatura infantil
http://www.culturainfancia.com.br/portal/index.php - portal com diversos artigos, entrevistas e debates de produtores culturais, pesquisadores e professores relativos à infância. No site vocês encontrarão discussões na área de cinema, literatura, arte e muito mais.
Equipe PIC

quinta-feira, 7 de maio de 2009

FLIST - Festa Literaria de Santa Teresa - RJ

No dia 16 de maio teremos uma edição da FLIST, inspirada na Festa Literária de Paraty que também é imperdível. Nesse dia vocês poderão viver um dia de conversas com escritores, lançamentos, oficinas, debates e muitos momentos de convívio com a literatura. Para quem quiser mais informações acesse os endereços sobre o evento: site www.flist.org.br e blog http://gatodesofadeitaerolanaflist.blogspot.com

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Análise de uma entrevista - finalizando o exercício coletivo

Trazemos nesse momento um breve resumo das nossas discussões no último encontro. Leiam e participem!

Lucia Santaella em seu texto “a leitura fora do livro” aborda os três tipos de leitores que, de acordo com ela, existem na atualidade: o leitor do livro - leitor contemplativo – que impõe seu ritmo à leitura e lê de forma sequencial. O leitor fragmentado que é o leitor após a revolução industrial, o leitor das imagens e fragmentos da grande cidade, o leitor veloz que, como diz Benjamin, está acostumado aos cortes do cinema. O leitor virtual que é o leitor da hipermídia e do hipertexto. Um leitor que faz seu próprio percurso de leitura mas que pode se perder em meio ao seu processo de leitura se não souber como organizar-se nesse processo de leitura imaterial.

A partir da leitura do texto de Santaella e do debate com o grupo do PIC, pareceu-nos que o entrevistado seria mais próximo do leitor fragmentado de que fala Santaella. Isso porque segundo afirma a autora, tal leitor diz que faz leituras rápidas, curtas e que nem sempre termina as leituras iniciadas realizando-as de forma fragmentada. Como bem lembraram na discussão coletiva, vê-se que algumas vezes sua leitura parte de um pequeno indício como um título de um livro como foi o caso da situação em que narra a peça criada por ele sobre a CERJ a partir do título do livro “o anjo da luz”. No entanto, ao afirmar que os espaços de leitura de que se utiliza são o quarto e a biblioteca tendo a necessidade do silêncio para a leitura pareceu-nos relacionar-se ao leitor contemplativo discutido pela autora. Da mesma forma, fica claro a partir de suas falas que o computador não é utilizado por ele como suporte ou espaço de leitura fazendo-nos pensar que ele parece estar excluído dessa leitura realizada, segundo Santaella, pelo leitor virtual que navega pelos hipertextos e hipermídias da internet. Podemos nessa breve análise acerca das falas do entrevistado dizer que percebe-se que ele realiza suas leituras tanto em sua dimensão de leitura contemplativa quanto de leitura fragmentada articulando as duas em suas práticas de leitura cotidiana.

Adriana Hoffmann

Diante desse olhar, o que mais podemos dizer sobre ele? Será que ele pratica a leitura “como experiência” na dimensão que lhe atribui Sônia Kramer? O que vocês acham? Aguardamos as opiniões de vocês!!

Fonte:

SANTAELLA, Lucia. A leitura fora do livro. Disponível em:

http://www.pucsp.br/pos/cos/epe/mostra/santaell.htm; acesso em 3 de maio de 2008.

KRAMER, Sônia. Leitura e escrita como experiência – seu papel na formação de sujeitos sociais. Revista Presença Pedagógica, vol6 nº 31, jan/fev de 2000. Disponível em: http://www.presencapedagogica.com.br/capa6/artigos/31.pdf acesso em agosto de 2008.